MINHA IRONIA
Cortei os pulsos da mentira,
Enforquei com tuas cordas a ilusão
Pulei a janela que você omitira,
Assim como a porta da percepção.
Afoguei nossos planos singelos,
Nossas promessas infantis,
Mas ainda luto contra uma dor
Chamada melancolia.
Disparos disparados
Pela rua da pretensão,
Corpos saqueados e dilacerados
Pelo subconsciente da invasão.
Ronne Grey
domingo, 31 de agosto de 2008
Lágrimas no Espelho
Não sei o que sinto
Nem o que vejo,
Vejo o que sei e
Sinto o que vejo.
Contradição perseguidora,
Sonhadora percepção,
Labirinto da visão inspiradora.
Loucura para entender,
Entender a loucura,
Sorrir para chorar,
Chorar para chover.
Confundindo a confusão confusa,
Sentindo a visão intrusa.
Vivendo sem saber,
Sabendo sem viver,
Escrevendo para morrer.
Ronne Grey
Não sei o que sinto
Nem o que vejo,
Vejo o que sei e
Sinto o que vejo.
Contradição perseguidora,
Sonhadora percepção,
Labirinto da visão inspiradora.
Loucura para entender,
Entender a loucura,
Sorrir para chorar,
Chorar para chover.
Confundindo a confusão confusa,
Sentindo a visão intrusa.
Vivendo sem saber,
Sabendo sem viver,
Escrevendo para morrer.
Ronne Grey
Infinita Melodia
Posso transformar
A natureza em poesia,
E faço da poesia algo natural.
Doravante não haverá limites,
Pois a sobriedade jaz em minha face
Com lágrimas sinceras e sorrisos loucos.
Olhe nos meus olhos e veja
Um mundo que é uma infinita melodia,
Ouça a evaporação do incenso.
A vida é uma arte,
Pois a morte não é oposta à vida,
Mas sim uma transição de uma
Melodia para outra.
Ronne Grey
Posso transformar
A natureza em poesia,
E faço da poesia algo natural.
Doravante não haverá limites,
Pois a sobriedade jaz em minha face
Com lágrimas sinceras e sorrisos loucos.
Olhe nos meus olhos e veja
Um mundo que é uma infinita melodia,
Ouça a evaporação do incenso.
A vida é uma arte,
Pois a morte não é oposta à vida,
Mas sim uma transição de uma
Melodia para outra.
Ronne Grey
domingo, 24 de agosto de 2008
Bicho da Noite
Tem horas que só quero um cigarro,
Tem horas que procuro amigos
Para conversar perambulando
Pelas noites.
Tem horas que não quero nada,
Nem a morte nem a vida,
Nem o corte nem a ferida.
Tem horas que me basta um café,
Tem horas que não sei quem sou.
Tem horas que procuro o silêncio,
Tem horas que fujo para os gritos da insônia.
Ronne Grey
Tem horas que só quero um cigarro,
Tem horas que procuro amigos
Para conversar perambulando
Pelas noites.
Tem horas que não quero nada,
Nem a morte nem a vida,
Nem o corte nem a ferida.
Tem horas que me basta um café,
Tem horas que não sei quem sou.
Tem horas que procuro o silêncio,
Tem horas que fujo para os gritos da insônia.
Ronne Grey
sábado, 23 de agosto de 2008
Brisa da Aurora
Canta brisa da aurora,
Vem ser melodia nessa solidão,
Pois minha alma chora.
Aquela flor não é minha,
Pranto disfarçado de orvalho,
Por uma dor minha.
Não chores triste alma,
Pois tuas lágrimas perturbam
O silêncio dessa melodia.
Canta brisa da aurora,
Vem ser melodia nessa solidão,
Pois minha alma chora, pensando
Que seja poesia essa dor
Maquiada de paixão.
Ronne Grey
Canta brisa da aurora,
Vem ser melodia nessa solidão,
Pois minha alma chora.
Aquela flor não é minha,
Pranto disfarçado de orvalho,
Por uma dor minha.
Não chores triste alma,
Pois tuas lágrimas perturbam
O silêncio dessa melodia.
Canta brisa da aurora,
Vem ser melodia nessa solidão,
Pois minha alma chora, pensando
Que seja poesia essa dor
Maquiada de paixão.
Ronne Grey
Vagabunda Poesia
Poesia do meu hospício,
Diploma no café da insônia,
Todos dormem, eu rabisco.
Implico, repito e reflito,
Loucura não é novidade,
Mas sim um poeta aflito,
Todos são cúmplices
Dessa maldade.
Gritaria intensa, dor imensa,
Desabafo que pensa, parecido
Melodia, mas que não passa de
Uma vagabunda poesia.
Prostituta sem palco e platéia,
Na boca de todos, mas que foi
Maquiada na cama, sem fama,
E na solidão.
Ronne Grey
Poesia do meu hospício,
Diploma no café da insônia,
Todos dormem, eu rabisco.
Implico, repito e reflito,
Loucura não é novidade,
Mas sim um poeta aflito,
Todos são cúmplices
Dessa maldade.
Gritaria intensa, dor imensa,
Desabafo que pensa, parecido
Melodia, mas que não passa de
Uma vagabunda poesia.
Prostituta sem palco e platéia,
Na boca de todos, mas que foi
Maquiada na cama, sem fama,
E na solidão.
Ronne Grey
VASO VAZIO
Sou um vaso vazio
Que não tem flor,
Vivo cheio e pesado do
Vazio que encontrei.
Talento não existe,
Nada existe, foi, será,
Não sabemos,
As coisas acontecem.
Rimar sem viver é algo
Doloroso que mata compelindo
Suicídio à poesia.
Por mais que pareça viva,
Está morta por aqueles
Que a tornaram suicida.
Ronne Grey
Sou um vaso vazio
Que não tem flor,
Vivo cheio e pesado do
Vazio que encontrei.
Talento não existe,
Nada existe, foi, será,
Não sabemos,
As coisas acontecem.
Rimar sem viver é algo
Doloroso que mata compelindo
Suicídio à poesia.
Por mais que pareça viva,
Está morta por aqueles
Que a tornaram suicida.
Ronne Grey
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Texto para Orelha
Existe a poesia bem comportada, feita com régua e compasso para agradar moçoilas românticas e senhorinhas bem intencionadas. Talvez seja a poesia dos salões, a poesia tecnocrata, enfurnada em regras, saraus igualmente bem comportados e auto-limitações. Mas, felizmente existe, existe a poesia que explode no peito como um sopro, que grita, regurgita, que esquece as normas de etiqueta e se faz ouvir na marra. É esta poesia e a que explode da garganta e da pena de Ronne Grey, jovem poeta potiguar-cosmopolita que já é conhecido do universo cultural papa-jerimum, tanto pelos seus versos como pela sua militância cultural. Sim, o poeta que escreve obras como "Ejaculação", "Elite Lixo" e "mangue triste", também dá a cara à tapa em saraus e encontros poéticos, fazendo soar sua necessidade/vontade de transgressão, de falar alto, de que sua poesia ganhe as ruas e ressoa nos tímpanos dos incautos. O leitor atento vai perceber que o universo poético de Ronne Grey é forjado por termos fortes (sangue, sujeira, neurose, necrotério), mas que o lirismo sempre se faz presente. Bem vindo, então o leitor a um mundo onde a poesia vive, ferve, arde, quer se fazer sólida; onde a poesia, como afirma o próprio poeta em uma de suas poesias, parece "um diálogo interrompido, um pranto engolido". Que a realidade produza mais poetas com a sede de viver e de poetar como Ronne Grey. Natal e o mundo agradecerão.
Poeta marginal concretizando seu terceiro livro independente, autor dos livros: Morte Matada e Vagabunda Poesia onde externa seu caos em forma de versos ousados e líricos.
Verbo Solto é seu terceiro grito de tantos outros que virão.
Cefas Carvalho
Existe a poesia bem comportada, feita com régua e compasso para agradar moçoilas românticas e senhorinhas bem intencionadas. Talvez seja a poesia dos salões, a poesia tecnocrata, enfurnada em regras, saraus igualmente bem comportados e auto-limitações. Mas, felizmente existe, existe a poesia que explode no peito como um sopro, que grita, regurgita, que esquece as normas de etiqueta e se faz ouvir na marra. É esta poesia e a que explode da garganta e da pena de Ronne Grey, jovem poeta potiguar-cosmopolita que já é conhecido do universo cultural papa-jerimum, tanto pelos seus versos como pela sua militância cultural. Sim, o poeta que escreve obras como "Ejaculação", "Elite Lixo" e "mangue triste", também dá a cara à tapa em saraus e encontros poéticos, fazendo soar sua necessidade/vontade de transgressão, de falar alto, de que sua poesia ganhe as ruas e ressoa nos tímpanos dos incautos. O leitor atento vai perceber que o universo poético de Ronne Grey é forjado por termos fortes (sangue, sujeira, neurose, necrotério), mas que o lirismo sempre se faz presente. Bem vindo, então o leitor a um mundo onde a poesia vive, ferve, arde, quer se fazer sólida; onde a poesia, como afirma o próprio poeta em uma de suas poesias, parece "um diálogo interrompido, um pranto engolido". Que a realidade produza mais poetas com a sede de viver e de poetar como Ronne Grey. Natal e o mundo agradecerão.
Poeta marginal concretizando seu terceiro livro independente, autor dos livros: Morte Matada e Vagabunda Poesia onde externa seu caos em forma de versos ousados e líricos.
Verbo Solto é seu terceiro grito de tantos outros que virão.
Cefas Carvalho
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Nietzscheniana
"Todos os dias adormeço possibilidades e acordo realidade.
Todos os dias sinto o peso do corpo desanimado.
Sinto o sono entorpecente e visciante.
Sinto a fome da ansiedade.
Todos os dias procuro respostas e encontro perguntas.
Todos os dias sinto dor; insônia; saudade.
Todos os dias sinto tristeza.
A cada amanhecer (lânguida) nasço e morro".
(Adélia Danielli)
"Todos os dias adormeço possibilidades e acordo realidade.
Todos os dias sinto o peso do corpo desanimado.
Sinto o sono entorpecente e visciante.
Sinto a fome da ansiedade.
Todos os dias procuro respostas e encontro perguntas.
Todos os dias sinto dor; insônia; saudade.
Todos os dias sinto tristeza.
A cada amanhecer (lânguida) nasço e morro".
(Adélia Danielli)
sábado, 16 de agosto de 2008
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
MORENA EFLUVIOSA
Teu sorriso é belo como a noite,
O brilho de teus olhos as estrelas invejam,
Pois encontrei em teus olhos o que eu tanto procurava.
Morena tua beleza é natural,
Pois entre as flores não encontrei
Uma beleza igual.
O teu ser inspira meus versos,
Enlouquece minha alma desvairada,
Pois só de longe és admirada.
Estes versos te veneram,
Mas perdoai a audácia desse nobre poeta.
Ronne Grey
Teu sorriso é belo como a noite,
O brilho de teus olhos as estrelas invejam,
Pois encontrei em teus olhos o que eu tanto procurava.
Morena tua beleza é natural,
Pois entre as flores não encontrei
Uma beleza igual.
O teu ser inspira meus versos,
Enlouquece minha alma desvairada,
Pois só de longe és admirada.
Estes versos te veneram,
Mas perdoai a audácia desse nobre poeta.
Ronne Grey
Partir ou Não
Grita por mim quando nossa liberdade
De novo nos separe.
Contém a minha fuga.
Dá-me esperanças.
Guarda-me dentro da cidade
Que protege teus dias desiguais.
Dentro do mar que resguarda teu ócio.
Dentro do céu vigilante que nunca esqueces.
Bebamos em tua taça
Esse vinho de luz que nos defende do exílio.
Que caminhe comigo pela vida fria
Para sempre um silêncio de sol.
Poeta argentina
(Elizabeth Azcona Cranwell)
Grita por mim quando nossa liberdade
De novo nos separe.
Contém a minha fuga.
Dá-me esperanças.
Guarda-me dentro da cidade
Que protege teus dias desiguais.
Dentro do mar que resguarda teu ócio.
Dentro do céu vigilante que nunca esqueces.
Bebamos em tua taça
Esse vinho de luz que nos defende do exílio.
Que caminhe comigo pela vida fria
Para sempre um silêncio de sol.
Poeta argentina
(Elizabeth Azcona Cranwell)
A ausente
Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranqüilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...
Vinicius de Morais
Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranqüilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...
Vinicius de Morais
A carta que não foi mandada
Paris, outono de 73
Estou no nosso bar mais uma vez
E escrevo pra dizer
Que é a mesma taça e a mesma luz
Brilhando no champanhe em vários tons azuis
No espelho em frente eu sou mais um freguês
Um homem que já foi feliz, talvez
E vejo que em seu rosto correm lágrimas de dor
Saudades, certamente, de algum grande amor
Mas ao vê-lo assim tão triste e só
Sou eu que estou chorando
Lágrimas iguais
E, a vida é assim, o tempo passa
E fica relembrando
Canções do amor demais
Sim, será mais um, mais um qualquer
Que vem de vez em quando
E olha para trás
É, existe sempre uma mulher
Pra se ficar pensando
Nem sei... nem lembro mais
Vinicius de Morais
Paris, outono de 73
Estou no nosso bar mais uma vez
E escrevo pra dizer
Que é a mesma taça e a mesma luz
Brilhando no champanhe em vários tons azuis
No espelho em frente eu sou mais um freguês
Um homem que já foi feliz, talvez
E vejo que em seu rosto correm lágrimas de dor
Saudades, certamente, de algum grande amor
Mas ao vê-lo assim tão triste e só
Sou eu que estou chorando
Lágrimas iguais
E, a vida é assim, o tempo passa
E fica relembrando
Canções do amor demais
Sim, será mais um, mais um qualquer
Que vem de vez em quando
E olha para trás
É, existe sempre uma mulher
Pra se ficar pensando
Nem sei... nem lembro mais
Vinicius de Morais
enchantagem
de tanto não fazer nada
acabo de ser culpado de tudo
esperanças, cheguei
tarde demais como uma lágrima
de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito
de ser verbo sem sujeito
pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito
que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja
quem quer que seja
tem calendário de tristezas
celebrar...
Paulo Leminski
de tanto não fazer nada
acabo de ser culpado de tudo
esperanças, cheguei
tarde demais como uma lágrima
de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito
de ser verbo sem sujeito
pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito
que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja
quem quer que seja
tem calendário de tristezas
celebrar...
Paulo Leminski
"Creio no Cinema, arte muda, filha da Imagem, elemento original de poesia e plástica infinitas, célula simples de duração efêmera e livremente multiplicável. Creio no Cinema, meio de expressão total em seu poder transmissor e sua capacidade de emoção, possuidor de uma forma própria que lhe é imanente e que, contendo todas as outras, nada lhes deve. Creio no Cinema puro, branco e preto, linguagem universal de alto valor sugestivo, rico na liberalidade e poder de evocação."
Vinicius de Moraes
Vinicius de Moraes
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Bicho da Noite
Tem horas que só quero um cigarro,
Tem horas que procuro amigos
Para conversar perambulando
Pelas noites.
Tem horas que não quero nada,
Nem a morte nem a vida,
Nem o corte nem a ferida.
Tem horas que me basta um café,
Tem horas que não sei quem sou.
Tem horas que procuro o silêncio,
Tem horas que fujo para os gritos da insônia.
Ronne Grey
Tem horas que só quero um cigarro,
Tem horas que procuro amigos
Para conversar perambulando
Pelas noites.
Tem horas que não quero nada,
Nem a morte nem a vida,
Nem o corte nem a ferida.
Tem horas que me basta um café,
Tem horas que não sei quem sou.
Tem horas que procuro o silêncio,
Tem horas que fujo para os gritos da insônia.
Ronne Grey
Majestade Solitária
Uma beleza pálida
Iluminava a floresta,
Embriagava os grilos
Com uma melodia suave.
As árvores dançavam
Em perfeita sintonia
Com a brisa do mar.
Lua majestosa e solitária
Em um céu infinito,
Que encanta os seres noturnos.
A lua refletida em
Meu cálice de vinho
Consola-me dizendo:
Não estás só poeta.
Ronne Grey
Uma beleza pálida
Iluminava a floresta,
Embriagava os grilos
Com uma melodia suave.
As árvores dançavam
Em perfeita sintonia
Com a brisa do mar.
Lua majestosa e solitária
Em um céu infinito,
Que encanta os seres noturnos.
A lua refletida em
Meu cálice de vinho
Consola-me dizendo:
Não estás só poeta.
Ronne Grey
terça-feira, 12 de agosto de 2008
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Vida Obscura
A nadie le tocó tu espasmo obscuro,
¡Oh! humilde entre los más humildes seres,
Embriagado, loco de placeres,
El mundo para ti fue negro y duro.
Atravesaste, en el silencio oscuro,
La vida presa a trágicos deberes
Y llegaste al saber de altos saberes
Haciéndote más simple, al fin más puro.
Nadie te ha visto el sentimiento inquieto,
Doliente, oculto, aterrador, secreto,
Que el corazón te apuñaló en el mundo.
¡Mas yo que siempre te seguí los pasos
Sé qué cruz infernal prendió tus brazos
Y tu suspiro cómo fue profundo!
(Cruz e Souza)
A nadie le tocó tu espasmo obscuro,
¡Oh! humilde entre los más humildes seres,
Embriagado, loco de placeres,
El mundo para ti fue negro y duro.
Atravesaste, en el silencio oscuro,
La vida presa a trágicos deberes
Y llegaste al saber de altos saberes
Haciéndote más simple, al fin más puro.
Nadie te ha visto el sentimiento inquieto,
Doliente, oculto, aterrador, secreto,
Que el corazón te apuñaló en el mundo.
¡Mas yo que siempre te seguí los pasos
Sé qué cruz infernal prendió tus brazos
Y tu suspiro cómo fue profundo!
(Cruz e Souza)
domingo, 10 de agosto de 2008
um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegasse atrasado
andasse mais adiante
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha
ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra
Paulo Leminski
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegasse atrasado
andasse mais adiante
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha
ópios édens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer, vai ser minha última obra
Paulo Leminski
sábado, 9 de agosto de 2008
Praia
Aceito brisa no meu cabelo
E água do mar, aceito o reflexo do
Espelho e a beleza de sonhar.
Quero areia nos meus pés
E a leveza na mente,
Quero uma sereia nos meus pés
Dizendo que amor é o que sente.
Barcos balançando, vento me envolvendo,
Som das águas cantando,
Ouvindo e escrevendo...
Quero melodia na flauta,
Pois no meu dia é o que falta.
Ronne Grey
Aceito brisa no meu cabelo
E água do mar, aceito o reflexo do
Espelho e a beleza de sonhar.
Quero areia nos meus pés
E a leveza na mente,
Quero uma sereia nos meus pés
Dizendo que amor é o que sente.
Barcos balançando, vento me envolvendo,
Som das águas cantando,
Ouvindo e escrevendo...
Quero melodia na flauta,
Pois no meu dia é o que falta.
Ronne Grey
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
La Despedida
Ya estoy curado
Anestesiado
Ya me he olvidado de tí...
Hoy me despido
De tu ausencia
Ya estoy en paz...
Ya no te espero
Ya no te llamo
ya no me engaño
Hoy te he borrado
De mi paciencia
Hoy fui capaz...
Desde aquel día
En que te fuiste
yo no sabía
Que hacer de tí
Ya están domados
Mis sentimientos
Mejor así...
Hoy me he burlado
De la tristeza
Hoy me he librado
De tu recuerdo
ya no te extraño
Ya me he arrancado
Ya estoy en paz...
Ya estoy curado
Anestesiado
Ya me he olvidado
Te espero siempre mi amor
Cada hora, cada día
Cada minuto que yo viva...
Te espero siempre mi amor...
Te quiero... Siempre
Mi amor...
Se que un día... volverás...
No me olvido y te quiero...
(Manu Chao)
Ya estoy curado
Anestesiado
Ya me he olvidado de tí...
Hoy me despido
De tu ausencia
Ya estoy en paz...
Ya no te espero
Ya no te llamo
ya no me engaño
Hoy te he borrado
De mi paciencia
Hoy fui capaz...
Desde aquel día
En que te fuiste
yo no sabía
Que hacer de tí
Ya están domados
Mis sentimientos
Mejor así...
Hoy me he burlado
De la tristeza
Hoy me he librado
De tu recuerdo
ya no te extraño
Ya me he arrancado
Ya estoy en paz...
Ya estoy curado
Anestesiado
Ya me he olvidado
Te espero siempre mi amor
Cada hora, cada día
Cada minuto que yo viva...
Te espero siempre mi amor...
Te quiero... Siempre
Mi amor...
Se que un día... volverás...
No me olvido y te quiero...
(Manu Chao)
Ella
Ella se canso de tirar la toalla
se va quitando poco a poco telarañas
no ha dormido esta noche pero no esta cansada
no mira ningún espejo pero se siente ton guapa
Hoy ella sa puesto color en las pestañas
hoy le gusta su sonrisa, no se siente una extraña
hoy sueña lo que quiere sin preocuparse por nada
hoy es una mujé que se da cuenta de su alma
Hoy vas a descubrir que el mundo es solo para ti
que nadie puede hacerte daño, nadie puede hacerte daño
hoy vas a comprender
que el miedo se puede romper con un solo portazo.
hoy vas a hacer reir
porque tus ojos se han cansado de ser llanto, de ser llanto…
hoy vas a conseguir
reirte hasta de ti y ver que lo has logrado que…
Hoy vas a ser la mujé
que te dé la gana de ser
hoy te vas a querer
como nadie ta sabio queré
hoy vas a mirar pa’lante
que pa atrás ya te dolió bastante
una mujé valiente, una mujé sonriente
mira como pasa
Hoy nasió la mujé perfecta que esperaban
ha roto sin pudore las reglas marcadas
hoy ha calzado tacone para hacer sonar sus pasos
hoy sabe que su vida nunca mas será un fracaso
Hoy vas a descubrir que el mundo es solo para ti
que nadie puede hacerte daño, nadie puede hacerte daño
hoy vas conquistar el cielo
sin mirar lo alto que queda del suelo
hoy vas a ser feliz
aunque el invierno sea frio y sea largo, y sea largo…
hoy vas a conseguir
reirte hasta de ti y ver que lo has logrado…
Hoy vas a descubrir que el mundo es solo para ti
que nadie puede hacerte daño, nadie puede hacerte daño
hoy vas a comprender
que el miedo se puede romper con un solo portazo.
hoy vas a hacer reir
porque tus ojos se han cansado de ser llanto, de ser llanto…
hoy vas a conseguir
reirte hasta de ti y ver que lo has logrado ohhhh
(Bebe).
Ella se canso de tirar la toalla
se va quitando poco a poco telarañas
no ha dormido esta noche pero no esta cansada
no mira ningún espejo pero se siente ton guapa
Hoy ella sa puesto color en las pestañas
hoy le gusta su sonrisa, no se siente una extraña
hoy sueña lo que quiere sin preocuparse por nada
hoy es una mujé que se da cuenta de su alma
Hoy vas a descubrir que el mundo es solo para ti
que nadie puede hacerte daño, nadie puede hacerte daño
hoy vas a comprender
que el miedo se puede romper con un solo portazo.
hoy vas a hacer reir
porque tus ojos se han cansado de ser llanto, de ser llanto…
hoy vas a conseguir
reirte hasta de ti y ver que lo has logrado que…
Hoy vas a ser la mujé
que te dé la gana de ser
hoy te vas a querer
como nadie ta sabio queré
hoy vas a mirar pa’lante
que pa atrás ya te dolió bastante
una mujé valiente, una mujé sonriente
mira como pasa
Hoy nasió la mujé perfecta que esperaban
ha roto sin pudore las reglas marcadas
hoy ha calzado tacone para hacer sonar sus pasos
hoy sabe que su vida nunca mas será un fracaso
Hoy vas a descubrir que el mundo es solo para ti
que nadie puede hacerte daño, nadie puede hacerte daño
hoy vas conquistar el cielo
sin mirar lo alto que queda del suelo
hoy vas a ser feliz
aunque el invierno sea frio y sea largo, y sea largo…
hoy vas a conseguir
reirte hasta de ti y ver que lo has logrado…
Hoy vas a descubrir que el mundo es solo para ti
que nadie puede hacerte daño, nadie puede hacerte daño
hoy vas a comprender
que el miedo se puede romper con un solo portazo.
hoy vas a hacer reir
porque tus ojos se han cansado de ser llanto, de ser llanto…
hoy vas a conseguir
reirte hasta de ti y ver que lo has logrado ohhhh
(Bebe).
Solo
Quando morri nem sequer os vermes
Visitaram meu túmulo,
Fiquei solitário como sempre e para sempre.
Temo agora que esteja condenado
Eternamente à solidão.
Minhas memórias andam esquecidas.
Lembro daquele beijo,
Pena que meus lábios permaneceram
Intactos e frios como a morte.
Ainda sinto o aroma das flores
Que não toquei,
A vida era vida,
Eu é que a tornei uma morte.
Doravante amarga e precoce
A ebriedade, agora é minha companheira
Nas margens de um rio qualquer.
Ronne Grey
Quando morri nem sequer os vermes
Visitaram meu túmulo,
Fiquei solitário como sempre e para sempre.
Temo agora que esteja condenado
Eternamente à solidão.
Minhas memórias andam esquecidas.
Lembro daquele beijo,
Pena que meus lábios permaneceram
Intactos e frios como a morte.
Ainda sinto o aroma das flores
Que não toquei,
A vida era vida,
Eu é que a tornei uma morte.
Doravante amarga e precoce
A ebriedade, agora é minha companheira
Nas margens de um rio qualquer.
Ronne Grey
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Canal 33
Todas as televisões ligadas
Todas as falas mudas
É assim que a vida passa
Imersa na sala de estar
Te vira e passa
Pensar e caçar
Te vira e passa
Pensar e caçar
Todas as falas fardadas
Todas as mentes sujas
É assim que a vida passa
Imersa na venda e no ar
Te vira e passa
Pensar e caçar
Te vira e passa
Pensar e caçar
Te vira e passa
Te vira e passa
Te vira e passa
Passado, cansado
Futuro selado
Passado, cansado
Futuro selado.
Maria Eunice Boreal
Todas as televisões ligadas
Todas as falas mudas
É assim que a vida passa
Imersa na sala de estar
Te vira e passa
Pensar e caçar
Te vira e passa
Pensar e caçar
Todas as falas fardadas
Todas as mentes sujas
É assim que a vida passa
Imersa na venda e no ar
Te vira e passa
Pensar e caçar
Te vira e passa
Pensar e caçar
Te vira e passa
Te vira e passa
Te vira e passa
Passado, cansado
Futuro selado
Passado, cansado
Futuro selado.
Maria Eunice Boreal
Um país de não-leitores
Em 2002, um quarto da população brasileira com mais de 10 anos de idade tinha menos de quatro anos de estudos completos: 32 milhões de analfabetos funcionais. Estatisticamente, o brasileiro não estuda, e quem não estuda não lê
Em 1952, a editora americana Doubleday criou o selo Anchor Books, dedicado a lançar obras de ficção literária em formato de bolso. Na autobiografia Book business: publishing past present and future [1], Jason Epstein, editor da Doubleday e responsável pelo lançamento do selo, explica o raciocínio por trás da iniciativa: depois da Segunda Guerra, a porcentagem de americanos com estudo superior aumentou sensivelmente graças à G. I. Bill, uma lei de financiamento dos estudos de veteranos de guerra; muitos desses novos estudantes não teriam dinheiro para comprar os livros que precisariam ler para a faculdade ou que gostariam de ler após os estudos; era preciso, portanto, disponibilizar esses livros num formato mais barato. Nascia o quality paperback.
Hoje os paperbacks são onipresentes nas prateleiras de livrarias americanas e inglesas, e algumas editoras começam a lançar os livros em paperback (capa mole) e hardcover (capa dura) ao mesmo tempo, abdicando do tradicional período de espera entre o lançamento da versão "cara" e o da versão "barata". Recentemente, a Picador, editora inglesa do grupo Macmillan, anunciou que a partir de 2008 a maioria dos seus lançamentos será feita diretamente em capa mole, com uma tiragem limitada em capa dura.
O sucesso dos livros em formato mais barato e o momento da sua disseminação nos Estados Unidos ensinam uma lição econômica simples: livros se tornam mais baratos quando há mais leitores. Não acredito que exista um exemplo provando o inverso, que mais leitores surjam quando os livros são mais baratos. E não é difícil entender por quê. Para uma pessoa que não gosta de funk, que diferença faz se o ingresso para um baile funk custa um, dez ou cem reais? O raciocínio é o mesmo para a literatura.
Revolução educacional
Verdade que o desinteresse absoluto é um caso extremo. Eu, por exemplo, não me interesso por ópera, mas se o ingresso for suficientemente barato posso muito bem experimentar uma ópera um dia desses. Nesse sentido, é um bom sinal que as editoras brasileiras lancem cada vez mais coleções de livros de bolso: o leitor eventual pode ser seduzido com mais facilidade por um livro de dez ou vinte reais do que por um de cinqüenta. Mas o efeito dessa diminuição de preços é necessariamente limitado: assim como eu dificilmente vou me tornar um fã incondicional de ópera depois de assistir a uma montagem de A flauta mágica, a disponibilidade de livros mais baratos não vai transformar os não-leitores em traças.
E o Brasil é um país de não-leitores. Claro: somos um país de não-estudantes. Em 2002, um quarto da população brasileira com mais de 10 anos de idade tinha menos de quatro anos de estudos completos: 32 milhões de analfabetos funcionais. No mesmo ano, as pessoas de mais de 10 anos de idade morando no Brasil tinham, em média, 6,2 anos de estudo [2]. Estatisticamente, o brasileiro não estuda, e quem não estuda não lê. Não me leve a mal: sou totalmente a favor de livros mais baratos nas nossas prateleiras e de iniciativas como bibliotecas nos metrôs ou máquinas para vender livros. Todo esforço ajuda, e cada um faz o que pode. Mas não vai ser assim que vamos nos tornar um país de leitores. O que realmente precisamos fazer é a revolução educacional que aconteceu nos Estados Unidos e na Europa cinqüenta anos atrás, e em muitos países asiáticos pouco depois disso. É aumentando o público potencial da literatura que o público real vai aumentar.
Educação é importante por tantos motivos que destacar seu papel para aumentar o público leitor pode parecer um pouco raso. É pela educação que podemos conseguir reduzir a violência, dar força ao crescimento econômico e tornar o Brasil uma democracia mais decente. Se as pessoas vão ler ou não é um ponto relativamente supérfluo.
Mas se quem quer que a educação seja uma prioridade no Brasil não precisa usar o argumento da leitura, quem quer que a literatura brasileira progrida não pode deixar de falar de educação. Ter mais leitores é só o começo. Mais leitores quer dizer mais diversidade de gosto e mais gente disposta a comprar livros, o que leva as editoras a publicar livros mais diversos e investir mais nos livros publicados, porque a recompensa – o lucro da literatura – seria maior. Se as editoras têm mais lucro, elas podem pagar melhor seus autores, o que quer dizer que mais autores podem viver do que escrevem e consagrar mais tempo à produção literária. E mais tempo leva a mais qualidade. Se queremos um mercado literário grande e vibrante, se queremos grandes autores produzindo grandes obras, se queremos que a literatura tenha um espaço importante no cotidiano do nosso país, precisamos de educação. Todas as outras iniciativas, por louváveis que sejam, são paliativas.
Lucas Murtinho
Em 2002, um quarto da população brasileira com mais de 10 anos de idade tinha menos de quatro anos de estudos completos: 32 milhões de analfabetos funcionais. Estatisticamente, o brasileiro não estuda, e quem não estuda não lê
Em 1952, a editora americana Doubleday criou o selo Anchor Books, dedicado a lançar obras de ficção literária em formato de bolso. Na autobiografia Book business: publishing past present and future [1], Jason Epstein, editor da Doubleday e responsável pelo lançamento do selo, explica o raciocínio por trás da iniciativa: depois da Segunda Guerra, a porcentagem de americanos com estudo superior aumentou sensivelmente graças à G. I. Bill, uma lei de financiamento dos estudos de veteranos de guerra; muitos desses novos estudantes não teriam dinheiro para comprar os livros que precisariam ler para a faculdade ou que gostariam de ler após os estudos; era preciso, portanto, disponibilizar esses livros num formato mais barato. Nascia o quality paperback.
Hoje os paperbacks são onipresentes nas prateleiras de livrarias americanas e inglesas, e algumas editoras começam a lançar os livros em paperback (capa mole) e hardcover (capa dura) ao mesmo tempo, abdicando do tradicional período de espera entre o lançamento da versão "cara" e o da versão "barata". Recentemente, a Picador, editora inglesa do grupo Macmillan, anunciou que a partir de 2008 a maioria dos seus lançamentos será feita diretamente em capa mole, com uma tiragem limitada em capa dura.
O sucesso dos livros em formato mais barato e o momento da sua disseminação nos Estados Unidos ensinam uma lição econômica simples: livros se tornam mais baratos quando há mais leitores. Não acredito que exista um exemplo provando o inverso, que mais leitores surjam quando os livros são mais baratos. E não é difícil entender por quê. Para uma pessoa que não gosta de funk, que diferença faz se o ingresso para um baile funk custa um, dez ou cem reais? O raciocínio é o mesmo para a literatura.
Revolução educacional
Verdade que o desinteresse absoluto é um caso extremo. Eu, por exemplo, não me interesso por ópera, mas se o ingresso for suficientemente barato posso muito bem experimentar uma ópera um dia desses. Nesse sentido, é um bom sinal que as editoras brasileiras lancem cada vez mais coleções de livros de bolso: o leitor eventual pode ser seduzido com mais facilidade por um livro de dez ou vinte reais do que por um de cinqüenta. Mas o efeito dessa diminuição de preços é necessariamente limitado: assim como eu dificilmente vou me tornar um fã incondicional de ópera depois de assistir a uma montagem de A flauta mágica, a disponibilidade de livros mais baratos não vai transformar os não-leitores em traças.
E o Brasil é um país de não-leitores. Claro: somos um país de não-estudantes. Em 2002, um quarto da população brasileira com mais de 10 anos de idade tinha menos de quatro anos de estudos completos: 32 milhões de analfabetos funcionais. No mesmo ano, as pessoas de mais de 10 anos de idade morando no Brasil tinham, em média, 6,2 anos de estudo [2]. Estatisticamente, o brasileiro não estuda, e quem não estuda não lê. Não me leve a mal: sou totalmente a favor de livros mais baratos nas nossas prateleiras e de iniciativas como bibliotecas nos metrôs ou máquinas para vender livros. Todo esforço ajuda, e cada um faz o que pode. Mas não vai ser assim que vamos nos tornar um país de leitores. O que realmente precisamos fazer é a revolução educacional que aconteceu nos Estados Unidos e na Europa cinqüenta anos atrás, e em muitos países asiáticos pouco depois disso. É aumentando o público potencial da literatura que o público real vai aumentar.
Educação é importante por tantos motivos que destacar seu papel para aumentar o público leitor pode parecer um pouco raso. É pela educação que podemos conseguir reduzir a violência, dar força ao crescimento econômico e tornar o Brasil uma democracia mais decente. Se as pessoas vão ler ou não é um ponto relativamente supérfluo.
Mas se quem quer que a educação seja uma prioridade no Brasil não precisa usar o argumento da leitura, quem quer que a literatura brasileira progrida não pode deixar de falar de educação. Ter mais leitores é só o começo. Mais leitores quer dizer mais diversidade de gosto e mais gente disposta a comprar livros, o que leva as editoras a publicar livros mais diversos e investir mais nos livros publicados, porque a recompensa – o lucro da literatura – seria maior. Se as editoras têm mais lucro, elas podem pagar melhor seus autores, o que quer dizer que mais autores podem viver do que escrevem e consagrar mais tempo à produção literária. E mais tempo leva a mais qualidade. Se queremos um mercado literário grande e vibrante, se queremos grandes autores produzindo grandes obras, se queremos que a literatura tenha um espaço importante no cotidiano do nosso país, precisamos de educação. Todas as outras iniciativas, por louváveis que sejam, são paliativas.
Lucas Murtinho
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Terra dos sonhos
O teu sorriso devorava encantadoramente os meus pensamentos, contrastando e, por isso, enaltecendo, o som melancólico da música Send in the clowns, na voz inconfundível de Carmem MacRae, enquanto eu dirigia embevecida, em direção ao nosso apartamento. Será esse sorriso que ele me dará como grata recompensa quando eu lhe mostrar a grande surpresa da noite: As nossas passagens para a Terra dos Sonhos, Paris! A nossa primeira viagem depois de dois anos de casados. Lá, na terra mágica, ele me fará um filho, Vinícius, ou uma filha, Diadorim... Pensei, deixando-me embriagar, sem rédeas, pelo encanto da tua bela imagem que me guiava. Ah, o teu sorriso... A minha ligação com o divino. Nele, se acham contidas todas as leis do amor, todo o poder dos sentidos... Ele estava tão presente, tão luminoso em meus pensamentos, que não enxerguei o carro a minha frente... Escuro.
Perdi os movimentos do corpo. Deitada numa cama, em tempo integral, passei a viver sob os cuidados de terceiros. Nos três primeiros meses, chorávamos juntos, todas as noites... Um dia, acordei com um suave beijo na testa. Abri os olhos devagar e vi o teu rosto. As mesmas feições, os mesmos gestos, o mesmo nome... Mas não era você! Procurei algo humano em teu olhar, piedade talvez, mas foi um grande vazio que encontrei. Depois de um longo e pesado silêncio, você chorou... E o teu choro confirmou o que eu já sabia... Você lançou um olhar vago pelos arredores do quarto, deu-me as costas e partiu. Tentei gritar, mas a voz me escapava. Incapaz de realizar o menor gesto de espanto e de dor, paralisada, enrijecida, recebi a tua ingratidão e o escárnio do destino. O vazio que você deixou encheu o quarto e tornou-se o meu universo.
Um ano se passou. O meu coração transformou a saudade, o horror do nada, numa aliada esperança. Fazendo uso das sete cores, dá vida ao passado que chega até a mim em forma de sonhos... Sonhos de amor, sonhos de loucura... Neles, encontro o teu sorriso, hoje, o meu escudo contra a realidade... Estamos em Paris... Todas as noites fazemos um filho... E o fim transcende o nada e torna-se começo.
Sei da existência de amores nobres. Eles correm pela vida. Raramente coincidem. Vivem uma série de enganos e morrem com o seu próprio veneno! Estou morta. O meu coração, louco, rejeita a minha condição. Fiel ao seu sentimento, tentando tornar perfeito o imperfeito, alimenta-se de sonhos, das lembranças do gosto das maçãs e, com grande pressa, continua batendo...
Cláudia Magalhães
O teu sorriso devorava encantadoramente os meus pensamentos, contrastando e, por isso, enaltecendo, o som melancólico da música Send in the clowns, na voz inconfundível de Carmem MacRae, enquanto eu dirigia embevecida, em direção ao nosso apartamento. Será esse sorriso que ele me dará como grata recompensa quando eu lhe mostrar a grande surpresa da noite: As nossas passagens para a Terra dos Sonhos, Paris! A nossa primeira viagem depois de dois anos de casados. Lá, na terra mágica, ele me fará um filho, Vinícius, ou uma filha, Diadorim... Pensei, deixando-me embriagar, sem rédeas, pelo encanto da tua bela imagem que me guiava. Ah, o teu sorriso... A minha ligação com o divino. Nele, se acham contidas todas as leis do amor, todo o poder dos sentidos... Ele estava tão presente, tão luminoso em meus pensamentos, que não enxerguei o carro a minha frente... Escuro.
Perdi os movimentos do corpo. Deitada numa cama, em tempo integral, passei a viver sob os cuidados de terceiros. Nos três primeiros meses, chorávamos juntos, todas as noites... Um dia, acordei com um suave beijo na testa. Abri os olhos devagar e vi o teu rosto. As mesmas feições, os mesmos gestos, o mesmo nome... Mas não era você! Procurei algo humano em teu olhar, piedade talvez, mas foi um grande vazio que encontrei. Depois de um longo e pesado silêncio, você chorou... E o teu choro confirmou o que eu já sabia... Você lançou um olhar vago pelos arredores do quarto, deu-me as costas e partiu. Tentei gritar, mas a voz me escapava. Incapaz de realizar o menor gesto de espanto e de dor, paralisada, enrijecida, recebi a tua ingratidão e o escárnio do destino. O vazio que você deixou encheu o quarto e tornou-se o meu universo.
Um ano se passou. O meu coração transformou a saudade, o horror do nada, numa aliada esperança. Fazendo uso das sete cores, dá vida ao passado que chega até a mim em forma de sonhos... Sonhos de amor, sonhos de loucura... Neles, encontro o teu sorriso, hoje, o meu escudo contra a realidade... Estamos em Paris... Todas as noites fazemos um filho... E o fim transcende o nada e torna-se começo.
Sei da existência de amores nobres. Eles correm pela vida. Raramente coincidem. Vivem uma série de enganos e morrem com o seu próprio veneno! Estou morta. O meu coração, louco, rejeita a minha condição. Fiel ao seu sentimento, tentando tornar perfeito o imperfeito, alimenta-se de sonhos, das lembranças do gosto das maçãs e, com grande pressa, continua batendo...
Cláudia Magalhães
PROFUNDA AGONIA
Não tenho certeza, adoro
A dúvida da vida e da morte,
Desconfio da carne e da alma.
Não entendo a causa de tantas
Contradições, as quais me sufocam
Em plena agonia noturna.
Humilhante é ser obrigado
A aceitar verdades ilusórias,
Mas não tenho dúvidas que
A certeza já morreu.
No fundo no fundo,
O fundo não é fundo,
É raso e insípido como
Todas as contradições.
Ronne Grey
Não tenho certeza, adoro
A dúvida da vida e da morte,
Desconfio da carne e da alma.
Não entendo a causa de tantas
Contradições, as quais me sufocam
Em plena agonia noturna.
Humilhante é ser obrigado
A aceitar verdades ilusórias,
Mas não tenho dúvidas que
A certeza já morreu.
No fundo no fundo,
O fundo não é fundo,
É raso e insípido como
Todas as contradições.
Ronne Grey
domingo, 3 de agosto de 2008
MEL
Meu silêncio te venera,
Enquanto minha mente
Louca delira.
Nosso arrebol,
Um encanto ébrio.
Naquele sol senti o
Canto de flauta
Alucinante de nossas almas.
O teu sorriso desvairado
Liberta meu pranto singelo.
Verdejante floresta perfumada és.
Insisto em querer-te mel
Dos meus versos
Encantados em cores leves
Serei teu poeta.
Ronne Grey
Meu silêncio te venera,
Enquanto minha mente
Louca delira.
Nosso arrebol,
Um encanto ébrio.
Naquele sol senti o
Canto de flauta
Alucinante de nossas almas.
O teu sorriso desvairado
Liberta meu pranto singelo.
Verdejante floresta perfumada és.
Insisto em querer-te mel
Dos meus versos
Encantados em cores leves
Serei teu poeta.
Ronne Grey
Lábios Sedentos
Momentos ausentes
Flores artificiais,
Pele no surto da alma,
Lágrimas cortantes.
Não esperes um dilúvio,
Serei teu orvalho,
Singelo e infinito.
Não hesites em afagar
Meus seios com sua boca,
Pois a solidão tortura.
Anseio a loucura
Líquida do teu fruto
Derramando em meus lábios sedentos.
Ronne Grey
Momentos ausentes
Flores artificiais,
Pele no surto da alma,
Lágrimas cortantes.
Não esperes um dilúvio,
Serei teu orvalho,
Singelo e infinito.
Não hesites em afagar
Meus seios com sua boca,
Pois a solidão tortura.
Anseio a loucura
Líquida do teu fruto
Derramando em meus lábios sedentos.
Ronne Grey
sábado, 2 de agosto de 2008
Suicídio
Vilipendiado estou com essa vida
Mórbida, que provoca suicídios,
E exala perfume sobre os mortos,
Que passaram a vida, podres,
Sem ninguém para amar.
Se for a morte que traz o amor,
Quero morrer e sentir amado,
Por mais que seja uma só vez.
São tantos os espinhos e
Algo testifica que as pétalas
Expressam conforto, porém os mortos,
Não têm sentimentos.
Quão triste é a morte
Para os vivos, será que
Alegre foi a vida para os mortos?
Ronne Grey
Vilipendiado estou com essa vida
Mórbida, que provoca suicídios,
E exala perfume sobre os mortos,
Que passaram a vida, podres,
Sem ninguém para amar.
Se for a morte que traz o amor,
Quero morrer e sentir amado,
Por mais que seja uma só vez.
São tantos os espinhos e
Algo testifica que as pétalas
Expressam conforto, porém os mortos,
Não têm sentimentos.
Quão triste é a morte
Para os vivos, será que
Alegre foi a vida para os mortos?
Ronne Grey
BRASIL
Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha
Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada pra só dizer sim, sim
Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil,
qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
Não, não vou te trair
CAZUZA
Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha
Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer
Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada pra só dizer sim, sim
Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil,
qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
Não, não vou te trair
CAZUZA
MORENA EFLUVIOSA
Teu sorriso é belo como a noite,
O brilho de teus olhos as estrelas invejam,
Pois encontrei em teus olhos o que eu tanto procurava.
Morena tua beleza é natural,
Pois entre as flores não encontrei
Uma beleza igual.
O teu ser inspira meus versos,
Enlouquece minha alma desvairada,
Pois só de longe és admirada.
Estes versos te veneram,
Mas perdoai a audácia desse nobre poeta.
Ronne Grey
Teu sorriso é belo como a noite,
O brilho de teus olhos as estrelas invejam,
Pois encontrei em teus olhos o que eu tanto procurava.
Morena tua beleza é natural,
Pois entre as flores não encontrei
Uma beleza igual.
O teu ser inspira meus versos,
Enlouquece minha alma desvairada,
Pois só de longe és admirada.
Estes versos te veneram,
Mas perdoai a audácia desse nobre poeta.
Ronne Grey
as coisas
As coisas têm peso,
massa,
volume,
tamanho,
tempo,
forma,
cor,
posição,
textura,
duração,
densidade,
cheiro,
valor,
consistência,
profundidade,
contorno,
temperatura,
função,
aparência,
preço,
destino,
idade,
sentido.
As coisas não têm paz.
(Arnaldo Antunes in "as coisas" Ed. Iluminuras 1993)
As coisas têm peso,
massa,
volume,
tamanho,
tempo,
forma,
cor,
posição,
textura,
duração,
densidade,
cheiro,
valor,
consistência,
profundidade,
contorno,
temperatura,
função,
aparência,
preço,
destino,
idade,
sentido.
As coisas não têm paz.
(Arnaldo Antunes in "as coisas" Ed. Iluminuras 1993)
O Buraco do Espelho
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve
já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora
(in o carioca - revista de arte e cultura nº 2/ julho e agosto 1996)
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve
já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora
(in o carioca - revista de arte e cultura nº 2/ julho e agosto 1996)
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