segunda-feira, 30 de junho de 2008

Triste Rei



Havia sintonia nas
Palavras escritas no
Muro de tua cabeça atarantada.


Eram versos vagabundos
De um rei que sofria...



Nesse reinado
Tu eras a rainha
Que apareceria para me abandonar.







Ronne Grey

domingo, 29 de junho de 2008

PECADO PERFEITO



O meu erro foi ser perfeito,
A minha dúvida foi se eu podia ter certeza.


O meu medo era não temer ninguém,
A loucura que vivia era sensata
E aceitável pela sociedade que era louca.




Se todos fossem como sou,
Eu não seria como todos,
Seria como sou, não como todos.




Encantos cantados, em cantos isolados,
Punhos cortados e lágrimas insípidas
Como minha vida que termina.





Ronne Grey





Claros Castanhos

Teus olhos castanhos brilham como
Bolha de sabão, que ilusoriamente engana
Aquele menino ingênuo,
Satisfeito e sem inspiração.


Tua boca revela a doce lembrança
Que acontecerá, porém prefiro a morte
Da vida do que viver morto e amar
Apenas em palavras e versos.


Não venero teu ser,
Só quero viver o sabor
Da minha poesia, amar
O inverso da melancolia.


Tua escuridão encandeia,
E a claridade dilata minhas pupilas,
Pois teu brilho é minha esperança
Em plena escuridão.




Ronne Grey

Lua Clara

Achei o que ansioso esperava,
Algo sublime, mais eloqüente
Do que a brisa noturna.


Atrás das árvores estava
Os eflúvios da beleza que
Constrangiam as flores da primavera.


Dama da noite, tu és inspiradora
De todas as artes, ando na escura
Floresta e tu mostra-me o
Caminho da sabedoria.


A empatia faz pulsar
Minha simetria, lua clara
Tu és o fruto de minha inspiração.


És filha de minha alma,
Sinto algo inescrutável ao estar
Na tua presença.



Por isso fui persuadido a
Calar-me para o silêncio
Da noite que venera a bela
Lua clara.




Ronne Grey
Minha Alma


Loucura é o que minha
Alma sente pelo teu ser
Ungido, quando estou contigo
Tudo é belo, doce e
Infinito, infinito como
A alegria dos teus olhos.


Em tua alma me embriago como
Um profeta ébrio, esqueço do
Tempo, mundo e universo.


Em nenhuma estrela encontrei
A beleza que vejo em teus olhos,
Morei com os poetas e não provei
O vinho que há nos teus lábios.




Ronne Grey
Artistas Excluídos

Se Assis Marinho tivesse nascido na Espanha seria endeusado como um Salvador Dalí, um Picasso. Seria mais valorizado e teria mais apoio para continuar produzindo suas pinturas que enriquecem nossa cidade com cores e artes belas. Embora esteja jogado na lama, na margem da sociedade. A quem o encontre pelos bares do beco da lama e não saiba que está de frente a um dos maiores artistas plásticos que Natal já teve.
Porém nasceu em um país cheio de desigualdades, nasceu em um estado do nordeste onde os artistas vivem o “pão que o diabo amassou”.
Se João Gualberto tivesse nascido na Europa seria aclamado como um Fernando Pessoa, um Frederico Garcia Lorca, por mais que seja um grande poeta e revolucionário das letras com seu surto explosivo de versos ébrios e encantadores, é apenas conhecido entre o meio artístico e outras pessoas relativamente bem informadas que conhecem um ou dois artistas locais, contudo nossa cidade ainda está “com seu poetas em cada esquina”, e quase todos andam sedentos em ver mudanças, alguns já encaram a produção independente e não se envergonham de sair em busca de pessoas que comprem seus livros, quadros, discos...
As escolas ignoram os escritores locais, empurram goela abaixo dos alunos, livros clássicos e ”pesados” de ler e não apresentam os escritores locais, os escritores mais jovens com linguagens mais contemporâneas. Os professores desqualificados não sabem como despertar em seus alunos o interesse e o prazer de uma boa leitura e muitos professores ignoram seus escritores locais. Deve ser pelo fato de ganharem um salário inferior ao de um gari.
As pessoas que deveriam: promover, apoiar, “agitar” a cultura, esses cerram seus olhos para as manifestações culturais e seus autores.
As grandes livrarias de Natal lucram com esse objeto chamado livro, porém não têm o mínimo respeito e consideração com os escritores locais, ignoram e fazem ignorar, super valorizam os escritores internacionais e os nacionais consagrados, porém deixam os escritores locais na míngua da sarjeta. A careta que eles fazem quando um jovem propõe deixar seus livros em consignação é broxante e bloqueadora de uma evolução cultural. Ou seja, por amor ao dinheiro atrasam o desenvolvimento e pouco se preocupam em incentivar à leitura dos escritores locais.
Natal uma cidade que lucra bastante com o turismo. Porém o amor ao lucro tem cegado vários desses empresários entupidos de dinheiro, os quais negam investir nos artistas locais. Por falta de percepção e conhecimento, eles teriam o retorno desse investimento, são tantos bons artistas em Natal, porém só falta aquele “empurrãozinho”.
A maioria dos turistas que procuram conhecer nossa cidade, eles buscam conhecer os livros dos escritores locais em livrarias e muitas vezes não encontram, até mesmo no aeroporto de Natal há pouca informação sobre os artistas locais e vão embora sem conhecer: Marcelus Bob, João Gualberto, Assis Marinho, Franklin Serrão, Valderedo, Zila Mamede, Marize Castro, Civone Medeiros, Carlos Zens, Alcatéia Maldita, Romildo Soares, Os Grogues. No máximo ouvem falar de um tal Câmara Cascudo e ponto final. E existe uma tal lei de incentivo Câmara Cascudo, Porém vários artistas estão fora desse “contexto” de incentivo.

Dizem com bastante “sinceridade” que os artistas que estão excluídos desse apoio é por não estarem aptos à tanta burocracia, e dizem que não existe uma tal “panelinha” lucrando com essa desigualdade, estão muito ocupados contando dinheiro ou rindo da cara dos artistas excluídos.
"Adote um Escritor chega à sétima edição em Porto Alegre RSAconteceu na semana passada na capital gaúcha o lançamento do 7º Programa de Leitura Adote um Escritor. Trata-se de uma iniciativa que visa aproximar os sujeitos das comunidades escolares municipais (alunos, pais, professores, funcionários e membros da comunidade em geral) a autores de obras de gêneros diversos literários. Iniciado em 2002, o programa é resultado de uma parceria entre Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre e a Câmara Rio-Grandense do Livro. Estão previstos para este ano encontros com 53 autores em 96 escolas da rede municipal de ensinode Porto Alegre". Quem sabe Natal não tenha essa idéia no próximo século......

sábado, 28 de junho de 2008



Rabiscos Tolos
São rabiscos, apenas rabiscos
Tolos e insensatos,
Não vos preocupeis com
Vossas interpretações.
Onde há flores há desamores,
Pois elas morrem, são esquecidas
E nenhuma lágrima se ver caída.
Não joguem flores na minha sepultura,
Joguem terra, uma garrafa
De vinho e esqueçam meu ser.
(Ronne Grey)


sexta-feira, 27 de junho de 2008

Naturaleza
Desordem e Regresso


Não foi pesadelo é verdade,
Não é real, foi apenas um sonho,
Utopia, pois a ordem tem
Sido o motivo do regresso.


Desordem e regresso, compelido
Por hipócritas, devoradores
Do trabalho honesto.


O trabalho não é honra,
São apenas calos
Proporcionados pelo
Suor que se tornou insípido.


As lágrimas não servirão para
Irrigar a colheita, a qual fora
Descartada pela trágica comédia.

Ronne Grey



El poeta Ronne Grey

Arte de Franklin Serrão



Gorjeios


Só o sábio sabiá compreende
Os meus gorjeios, “oh, amor, me aqueça”.
Venho ao solar do amor, você acende
A luz de uma ilusão em nossas cabeças.




Você acena, me chama, apareça.
Apareço, sua ausência surpreende.
Dedilho o chorinho “Não me esqueça”.
Quem esquece o amor, o amor ofende.




Ai, breves olhares você me lança
Ai, corpóreos pudores da nudez
Ai, as lágrimas da desesperança.




Palavra e poesia, envelhecidas,
A colher versos e a salvar de vez
O sonho de amor em nossas vidas.






João Gualberto


LEITMOTIV

Um dia estarei morto
E o mundo inteiro morrerá comigo
O sol, as estrelas, o rio
Com sua correnteza calma e serena.
Tudo acabará no instante em que
Eu não mais possuir pensamentos
E sentidos.
Abro a janela do meu quarto enquanto posso
E observo o leve caminhar das nuvens.
Quem cuidará dos meus livros
Quando eu não mais estiver aqui?


Quem se lembrará de mim
Se eu não me despir
Completamente em palavras?








(Geílson Pereira)

quinta-feira, 26 de junho de 2008


Has de volverte más pobre, ¡sabio idiota!, si quieres ser amado. Sólo se ama a los que sufren, Sólo se da amor a los hambrientos: ¡Regálate primero a ti mismo, oh Zaratustra! — Yo soy tu verdad...
(Nietzsche)
Poemas não são para serem publicados


Poemas não são para serem publicados
Poemas são Drag Queens rolando piteiras em puteiros
ou somos nós, poetas velhos de caras borradas poetas de cinco centavos
Poemas não são para serem publicados
Poemas são para serem escritos às vezes rasgados às vezes guardados
Podem ser confessionais, imorais de vanguarda
Podem ser apenas a voz humílima do guarda Podem ser criança
Mas em Geral são sem esperança de serem publicados
Poemas custam caro e não fazem o mesmo efeito de um choque não fazem o efeito de um baseado Poemas não servem para trepar Nem sequer tente publicar seus poemas faça-os voltar calados às gavetas Com eles ninguém se meta Dormirão como dormem os drogados: tristes, gelados, pesados mas serão sempre únicos Sempre ineditamente mediúnicos Sempre salvos das graças das prebendas Sempre coisas pudendas (ainda que sujos) Poemas, sempre úmidos Noviços, fim de feiramaus de venda e de vida.
Pois quem vai ler linhas quebradas oriundas de alma idem?





(Renata Pallotinni)
Vida Obscura


A nadie le tocó tu espasmo obscuro,
¡Oh! humilde entre los más humildes seres,
Embriagado, loco de placeres,
El mundo para ti fue negro y duro.
Atravesaste, en el silencio oscuro,
La vida presa a trágicos deberes
Y llegaste al saber de altos saberes
Haciéndote más simple, al fin más puro.
Nadie te ha visto el sentimiento inquieto,
Doliente, oculto, aterrador, secreto,
Que el corazón te apuñaló en el mundo.
¡Mas yo que siempre te seguí los pasos
Sé qué cruz infernal prendió tus brazos
Y tu suspiro cómo fue profundo!




(Cruz e Souza)
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá, onde a criança diz:eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
Funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
E pois.Em poesia que é voz de poeta,que é a voz
De fazer nascimentos.
O verbo tem que pegar delírio.”


(Manuel de Barros)
Vinhos Envenenados


Indomável devaneio
Sentir teu cheiro ébrio.
Minha mente delira
Ao venerar tua pele branca
E desnuda em meu leito erudito.
Vinhos envenenados
Sorriso proibido com olhos
Dilatados e sedentos.
Calado, devoro teu fruto com peles
E pelos ardentes e molhados.



Ronne Grey

terça-feira, 24 de junho de 2008


Texto de Apresentação para o livro Vagabunda Poesia



Escrever sobre alguém é um mistério. Escrever sobre quem escreve poesias é um minério. Poetar para muitos não presta. Para quem escreve, poetar é a própria vida. O poeta se dá, ele se entrega, sangra, sonha e recicla imagens.
O verbo na cabeça do poeta é pólvora. Ela explode, sim, a pólvora, a cabeça e o poeta. Explosões acontecem a cada minuto. E quando a explosão vem da pólvora, da poesia da cabeça do poeta, parece que o mundo se funde.
É como uma energia que não tem mais fim. Daí, é que se fala que o poeta tem antenas. Somente antenas, sementes apenas. São assim as poesias que encontro nesse livro. Livres linhas de quem escreve como Ronne Grey, com seu jeito de quem quer dizer céus, infernos e pântanos. Parecidos com dores, cores e as flores do nosso complexo do que é viver.
Resmungando o poeta suplica verdades tão aterradoras, que temo a certeza, que nada sabemos. É como a confissão de quem passa por cima de guetos, lamas e vergonha na cara. Quase o início de uma luz que escuta e esconde como uma verdade, a voz que grita e que não cala.






Carlos Gurgel

Baseado na Saudade

Marcado na agenda do
Imprevisível está o reencontro
De nossas almas loucas.

Por acaso nos conhecemos,
Por acaso nos amamos,
Sem aviso fostes para outro
Mundo, és livre....

O portal pode abrir,
Perambulo no chá da tarde,
Lateja loucura, horizonte infinito
Me dá vontade de correr,
Percorrer, percorrer...

Baseado na noite, digo
Que saudade são cicatrizes,
Vinho tinto, incerteza não será
Motivo para meus olhos tristes.

Ronne Grey


MORTE MATADA




Dormiam na rua,
Sonhavam não mais sofrer,
Vida, lágrima nua
Despertados para morrer.


Praça, beco, favela
Perseguido por um mistério,
Fatalidade covarde,
Preconceito, fechada janela.


Não há esperança,
Saco da contradição,
Otimismo mentira de criança.


Acordado pelo grito da morte,
O silêncio é a resposta,
Impunidade disfarçada de sorte.




Ronne Grey

Atarantado

ATARANTADO


Quando se meteram
Na minha vida
Tornei-me cético.


Quando se meteram
Nos meus sentimentos
Virei o ódio.


Enquanto todos dormiam,
Preferi a insônia
Dos papéis rabiscados.


Quando todos pediram
Que eu abrisse a janela,
Eu pulei.






Ronne Grey

Brisa da Aurora

Brisa da Aurora

Canta brisa da aurora,
Vem ser melodia nessa solidão,
Pois minha alma chora.


Aquela flor não é minha,
Pranto disfarçado de orvalho,
Por uma dor minha.


Não chores triste alma,
Pois tuas lágrimas perturbam
O silêncio dessa melodia.


Canta brisa da aurora,
Vem ser melodia nessa solidão,
Pois minha alma chora, pensando
Que seja poesia essa dor
Maquiada de paixão.




Ronne Grey





Máscara

Máscara



Por trás daquele riso
Há um pranto contido.



Por trás daquela máscara
De alegria há uma profunda melancolia.



Não vos preocupeis com a tristeza
Do palhaço, pois seu pranto
É como um orvalho.






Ronne Grey
História Mal Contada

Faltam-me canetas que não falhem,
Poetas que não se calem.


Onde esconderam os revolucionários?
Não acredito nessa história de heróis maquiados,
Meus ancestrais foram massacrados.


Pai ensina-me a ser índio,
Não acreditei na mentira,
Chamaram-me de louco.
Em que século surgirá um novo lampião?


Carlos Prestes no verso que resta,
Esqueceram de zumbi.
Pai debaixo de que tapete esconderam os índios?
Faltaram com a verdade.
Sou poeta e não fingidor...
Monólogo




Parece um diálogo interrompido.
Um pranto engolido
Pela vergonha das lágrimas...


Um arrebol diluído
Entre os dedos de um
Mangue triste pela morte de um sol.




Parece um monólogo
Entristecido pelo silêncio
De um barco vazio.




Um belo entardecer...
E o mangue melancólico
Ouvindo o suave suspiro
Da brisa que exala um arrebol.




(Ronne Grey)

domingo, 22 de junho de 2008

Vagabunda Poesia



Poesia do meu hospício,
Diploma no café da insônia,
Todos dormem, eu rabisco.

Implico, repito e reflito,
Loucura não é novidade,
Mas sim um poeta aflito,
Todos são cúmplices
Dessa maldade.

Gritaria intensa, dor imensa,
Desabafo que pensa, parecido
Melodia, mas que não passa de
Uma vagabunda poesia.

Prostituta sem palco e platéia,
Na boca de todos, mas que foi
Maquiada na cama, sem fama,
E na solidão.



Ronne Grey
Pétalas Sangradas


São tantos calos
Que parece insensível,
Lágrimas secas e cortantes.


Um silêncio sofrido
Que grita em desespero
Abandonado...


Entre concretos
As pétalas sangram
Versos...


Ronne Grey