segunda-feira, 8 de setembro de 2008

"Assim te conheci.
No Agosto quente
Junto ao paraíso.
Deste-me histórias,
Contaste conchas;
Ouvimos o silêncio
Ribombar no seco.
Choramos o riso,
Rimos do choro.
Gritamos aos deuses.
Nada mais.
Assim te conheci.
Era Outono
Fazia frio.
Abraçaste-me.
O calor espalhou-se
Pelos corpos excitados.
Sem recusa, sem palavra.
Enrolados na paisagem
Guardada na memória.
Nada mais.
Assim te conheci.
Novembro na fogueira.
Espalhavas sorrisos
Com a guitarra.
A preta pele aclamava
O charme da tua musa.
Improvisavas num só tom.
Melancólico.
Tive sorrisos, olhares,
Amor, momento.
Nada mais.
Assim te conheci.
Numa noite de Lisboa.
Selvagem, exótico, sensual.
Aura brilhante,
Ilusionismo astral.
Incandescente.
Historiador dos sentidos
Cultivador de sensações.
Cruzamento de ruas.
Nada mais.
Assim te conheci.
Para lá de uns anos.
Galanteavas emoções
Com poemas e prosas
Nunca declamadas antes.
Memória alucinante.
Pessoa aventureira
De onde saltam os infinitos
Espaço e tempo.
Palavras, frases,
Dentadas.
Nada mais.
Assim te conheci.
Naquela inauguração.
Expunhas os valores,
A tua intimidade
Sob os olhares reprovadores.
As mentes maléficas
E a snobeira artística.
Pintura, escultura,
Instalação.
Perduram
Não menos que a copulação.
Nada mais.
Assim me conheci.
Imóvel em frente ao espelho.
Dias afim, de noção ligeira.
Reais estradas de tempo na cara.
Sinais do que foi a vida no corpo.
Sozinha, desaproveitada.
Amor próprio enterrado no poço.
Flacidez, despelada.
Restam memórias,
Pensamentos.
Agora…
É tarde demais".

Nenhum comentário: