sexta-feira, 3 de outubro de 2008



"Tenho uma fome, tenho amor, estou pronto para a guerra. Que os fogos comecem: estou na arena. Mas, pra isso, tenho que mendigar um almoço na casa de um amigo & tentar gerir meus dias com apenas o que me foi legado: meu corpo, minha inteligência, minha poesia maldita. (...)Está na hora de polir as garras, limpar o sangue & beijar o cio estrelado da noite. Tenho cópulas extremas em minhas veias, animais gritando, dançarinos pegando fogo num ritual noturno, perfume. Novos vinhos & novas revoluções. Uma magia pronta para um crime perfeito. Um grito, animais extintos, maldade, sonhos. Tinha que espatifar isso num congresso de corpos numa casa em ruínas, ou em duas. Tive que visitar minhas antigas cópulas para banhar as novas em ouros escondidos nos tesouros de matos verdes com vestígios de merda & pequenas pulgas. Tive que deitar num pasto de fezes & olhar o céu, enquanto era estimulado pela boca de uma amante pronta para a entrega definitiva. Sua boca percorrendo os pergaminhos luminosos de meu corpo quente, soprando como um verão doce. Nossas bocas dançando em movimentos lentos sob a luz frágil da lua, nosso poste natural, nossa canção de noite. I’m singing in the rain... correndo, pulando sobre destroços nas ladeiras, buscando um casulo de rochas antigas para nossa nudez mágica, nosso grito sonoro de sedução entre as flores".

Um comentário:

Drika Duarte disse...

"limpar o sangue & beijar o cio estrelado da noite"...Belo texto! um abraço!