sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Texto para Orelha


Existe a poesia bem comportada, feita com régua e compasso para agradar moçoilas românticas e senhorinhas bem intencionadas. Talvez seja a poesia dos salões, a poesia tecnocrata, enfurnada em regras, saraus igualmente bem comportados e auto-limitações. Mas, felizmente existe, existe a poesia que explode no peito como um sopro, que grita, regurgita, que esquece as normas de etiqueta e se faz ouvir na marra. É esta poesia e a que explode da garganta e da pena de Ronne Grey, jovem poeta potiguar-cosmopolita que já é conhecido do universo cultural papa-jerimum, tanto pelos seus versos como pela sua militância cultural. Sim, o poeta que escreve obras como "Ejaculação", "Elite Lixo" e "mangue triste", também dá a cara à tapa em saraus e encontros poéticos, fazendo soar sua necessidade/vontade de transgressão, de falar alto, de que sua poesia ganhe as ruas e ressoa nos tímpanos dos incautos. O leitor atento vai perceber que o universo poético de Ronne Grey é forjado por termos fortes (sangue, sujeira, neurose, necrotério), mas que o lirismo sempre se faz presente. Bem vindo, então o leitor a um mundo onde a poesia vive, ferve, arde, quer se fazer sólida; onde a poesia, como afirma o próprio poeta em uma de suas poesias, parece "um diálogo interrompido, um pranto engolido". Que a realidade produza mais poetas com a sede de viver e de poetar como Ronne Grey. Natal e o mundo agradecerão.
Poeta marginal concretizando seu terceiro livro independente, autor dos livros: Morte Matada e Vagabunda Poesia onde externa seu caos em forma de versos ousados e líricos.
Verbo Solto é seu terceiro grito de tantos outros que virão.





Cefas Carvalho

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